Resumo
- Um sistema de pâncreas artificial melhora o controle da glicose no sangue ao longo do dia e durante a noite para pessoas com diabetes tipo 1.
- Essa tecnologia pode ajudar a reduzir a carga diária de gerenciar o diabetes e a diminuir as complicações dessa doença.
Diabetes é uma doença que ocorre quando o nível de glicose no sangue está muito alto. A glicose é a principal fonte de energia do corpo. A insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, informa as células do corpo a absorverem a glicose. Se você tem diabetes tipo 1, o seu corpo não produz insulina, e a glicose se acumula no sangue. Com o tempo, altos níveis de glicose no sangue podem causar sérios problemas de saúde.
Pessoas com diabetes devem testar regularmente sua glicose no sangue com um dispositivo de punção digital ou usar um monitor contínuo de glicose. Elas administram insulina quando necessário, fazendo injeções ou utilizando uma bomba de insulina. Pesquisadores desenvolveram sistemas de gestão do diabetes que combinam todas as funções em um só dispositivo. Esses sistemas de “pâncreas artificial” monitoram os níveis de glicose no sangue usando um monitor contínuo, calculam quando a insulina é necessária e a administram automaticamente através de uma bomba de insulina. Os sistemas de pâncreas artificial não eliminam completamente o trabalho do paciente, mas reduzem consideravelmente essa carga.
Para testar a eficácia e segurança de um pâncreas artificial, uma equipe liderada pelos Drs. Sue A. Brown e Boris Kovatchev, da Universidade da Virgínia, e Dr. Roy W. Beck, do Jaeb Center for Health Research (EUA), realizou um estudo de seis meses com o sistema de tecnologia Control-IQ da Tandem Diabetes Care. Foram recrutadas 168 pessoas com diabetes tipo 1. Este estudo foi financiado pelo Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais (NIDDK) dos EUA. Os resultados foram publicados online em 16 de outubro de 2019, no New England Journal of Medicine.
Os participantes foram aleatoriamente designados para usar o pâncreas artificial Control-IQ ou a terapia com bomba aumentada por sensor (SAP). A SAP utiliza um monitor contínuo de glicose e uma bomba de insulina, mas ainda requer entrada e decisões frequentes do usuário sobre quando e quanto insulina administrar. O sistema Control-IQ utiliza algoritmos avançados para ajustar automaticamente as doses de insulina com base nos níveis de glicose.
Pessoas que usaram o sistema de pâncreas artificial mostraram um aumento significativo no tempo em que seus níveis de glicose no sangue se mantiveram dentro da faixa alvo de 70 a 180 mg/dL—passando de 61% no início do estudo para 71%. Isso significa um adicional de 2,6 horas por dia nessa faixa. Em contraste, o grupo de controle permaneceu inalterado em 59%. Os usuários do pâncreas artificial também mostraram melhorias no tempo gasto com glicose alta e baixa e em outras medições relacionadas ao controle do diabetes.
Nenhum evento grave de hipoglicemia (baixos níveis de açúcar no sangue) ocorreu em nenhum dos grupos. Cetoacidose diabética—uma complicação potencialmente fatal—ocorreu em um participante do grupo do pâncreas artificial, devido a um problema na configuração da bomba de insulina chamado falha do conjunto de infusão da bomba.
“Este sistema de pâncreas artificial possui várias características únicas que melhoram o controle da glicose além do que pode ser alcançado utilizando métodos tradicionais,” diz Kovatchev. “Em particular, há um módulo de segurança especial dedicado à prevenção da hipoglicemia, e há um controle gradualmente intensificado durante a noite para alcançar níveis de açúcar no sangue quase normais todas as manhãs.”
“A tecnologia de pâncreas artificial tem um enorme potencial para melhorar a vida cotidiana das pessoas com diabetes tipo 1,” diz o Diretor do NIDDK, Dr. Griffin P. Rodgers. “Ao facilitar e tornar mais preciso o gerenciamento do diabetes tipo 1, essa tecnologia poderia reduzir a carga diária dessa doença, além de potencialmente diminuir as complicações do diabetes, incluindo doenças oculares, nervosas e renais.”
