A amoxicilina é um antibiótico amplamente utilizado da classe das penicilinas, prescrito para tratar várias infecções bacterianas em humanos. É eficaz contra infecções como infecções de ouvido, sinusite, pneumonia, infecções do trato urinário e certas infecções de pele. Compreender como a amoxicilina funciona e seus potenciais efeitos colaterais ajudará você a usar este medicamento de forma mais segura e eficaz.

A amoxicilina também é vendida sob nomes comerciais como Ospamox, Amoxicillin Sandoz, Clamoxyl, Amoxil, Trimox, Moxatag e Augmentin.
Como funciona o medicamento amoxicilina
A amoxicilina combate infecções bacterianas inibindo a síntese das paredes celulares bacterianas. Ela se liga às proteínas ligadoras de penicilina (PBPs) na parede celular bacteriana. Essas proteínas são essenciais para a interligação das cadeias de peptidoglicano, um componente crítico da estrutura da parede celular. Ao se ligar às PBPs, a amoxicilina interrompe a formação dessas ligações cruzadas, enfraquecendo a parede celular e fazendo com que as bactérias se rompam (lisem) devido à pressão osmótica. Esta ação bactericida é eficaz contra uma ampla gama de bactérias gram-positivas e algumas gram-negativas, incluindo Streptococcus, Staphylococcus (cepas não produtoras de penicilinase) e Escherichia coli.
O medicamento amoxicilina é tipicamente administrado por via oral, disponível em forma de cápsulas, comprimidos ou líquido. A amoxicilina é absorvida no trato gastrointestinal e distribuída por todo o corpo, alcançando concentrações terapêuticas em tecidos e fluidos como os pulmões, seios da face e urina. Sua meia-vida é de aproximadamente 1 a 1,5 horas e é excretada principalmente pelos rins.
Efeitos colaterais comuns da amoxicilina
Ainda que o medicamento amoxicilina seja geralmente bem tolerado, pode causar efeitos colaterais em algumas pessoas. Abaixo, discutimos os efeitos colaterais mais comuns e medidas para reduzi-los ou evitá-los.
1. Distúrbios gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia)
Distúrbios gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia, são os efeitos colaterais mais frequentemente relatados da amoxicilina.
A amoxicilina pode interromper o equilíbrio natural da microbiota intestinal, pois ela destrói bactérias benéficas nos intestinos juntamente com as bactérias patogênicas. Essa disbiose reduz a capacidade do intestino de digerir e absorver nutrientes adequadamente, levando a sintomas como náuseas e diarreia. Além disso, a amoxicilina pode irritar a mucosa gástrica, contribuindo para náuseas e vômitos.
Frequência: efeitos colaterais gastrointestinais ocorrem em 5–10% dos usuários de amoxicilina, sendo a diarreia o efeito colateral mais comum, particularmente em crianças.
Redução/evitação:
- Tome o medicamento amoxicilina com alimentos para minimizar a irritação gástrica, a menos que instruído de outra forma por um médico.
- Probióticos, como suplementos de Lactobacillus ou Bifidobacterium, podem ajudar a restaurar a flora intestinal e reduzir a diarreia. Consulte um médico antes de começar a tomar probióticos.
- Beba água suficiente para compensar a perda de fluidos devido à diarreia.
- Se a diarreia for severa ou persistente, entre em contato com um médico, pois a diarreia prolongada pode indicar uma condição mais séria, como infecção por Clostridioides difficile (veja abaixo).

2. Reações alérgicas (erupção cutânea, coceira, anafilaxia)
As reações alérgicas à amoxicilina variam de erupções cutâneas leves e coceira a anafilaxia rara, mas potencialmente fatal. A anafilaxia é caracterizada por dificuldade em respirar, inchaço e pressão arterial baixa.
A amoxicilina pode agir como um hapteno, ligando-se a proteínas no corpo e desencadeando uma resposta imune em indivíduos sensibilizados. Essa ação ativa mastócitos e basófilos, liberando histamina e outros mediadores que causam sintomas como erupção cutânea, coceira ou, em casos severos, anafilaxia sistêmica. A reatividade cruzada com outras penicilinas ou antibióticos beta-lactâmicos pode ocorrer em indivíduos alérgicos.
Frequência: reações alérgicas ocorrem em cerca de 1-10% dos usuários de amoxicilina. Erupções leves são mais comuns (7%), enquanto a anafilaxia é rara (0,01–0,04%).
Redução/evitação:
- Informe seu médico sobre qualquer histórico de alergia à penicilina ou alergia a antibióticos antes de começar a tomar o medicamento amoxicilina.
- Monitore sintomas como erupção cutânea ou coceira durante as primeiras doses e relate-os imediatamente.
- Para erupções leves, antihistamínicos podem ajudar, mas consulte um médico primeiro.
- Interrompa o uso do medicamento amoxicilina e procure atendimento de emergência se sinais de anafilaxia (por exemplo, inchaço, chiado) aparecerem.
- Teste de alergia é recomendado para aqueles com suspeita de alergia à penicilina para confirmar a sensibilidade.
3. Diarreia associada a Clostridioides difficile
Esta é uma forma grave de diarreia causada pela infecção por Clostridioides difficile, que pode levar a colite e, em casos raros, complicações potencialmente fatais.
A atividade de ampla espectro da amoxicilina perturba o microbioma intestinal, permitindo que Clostridioides difficile – uma bactéria formadora de esporos – se multiplique. Clostridioides difficile produz toxinas (Toxina A e B) que danificam o revestimento intestinal, causando inflamação, diarreia e, em casos severos, colite pseudomembranosa.
Frequência: a infecção por Clostridioides difficile não é comum, ocorrendo em 1–2% das pessoas que tomam o medicamento amoxicilina, mas o risco aumenta com o uso prolongado ou em pessoas hospitalizadas.
Redução/evitação:
- Use a amoxicilina somente quando prescrita e pela duração recomendada para minimizar a interrupção do microbioma.
- Mantenha uma boa higiene, pois esporos de Clostridioides difficile são transmissíveis.
- Procure atenção médica se a diarreia for severa, persistente ou acompanhada de febre ou dor abdominal.
- O tratamento pode incluir a interrupção do uso do medicamento amoxicilina e o início de antibióticos específicos como vancomicina ou fidaxomicina para confirmação da infecção por Clostridioides difficile.
4. Infecções por fungos (candidíase oral, candidíase vaginal)
O uso de amoxicilina pode levar ao crescimento excessivo de espécies de Candida (fungos semelhantes a leveduras), causando candidíase oral (pontos brancos na boca) ou infecções vaginais por levedura (coceira, secreção).
Ao eliminar as bactérias competidoras na microbiota oral ou vaginal, a amoxicilina permite que a Candida – um fungo naturalmente presente – se prolifere. Esse desequilíbrio resulta em infecções fúngicas localizadas, particularmente em ambientes quentes e úmidos, como a boca ou a vagina.
Frequência: infecções fúngicas ocorrem em cerca de 2–5% dos usuários de amoxicilina, com taxas mais altas em mulheres e em pessoas com uso prolongado de antibióticos.
Redução/evitação:
- Pratique boa higiene oral para reduzir o risco de candidíase oral.
- Para candidíase vaginal, use roupas que permitam a respiração e evite o consumo excessivo de açúcar, pois a Candida se alimenta de glicose.
- Medicamentos antifúngicos de venda livre (por exemplo, miconazol para infecções vaginais ou nistatina para candidíase oral) podem ser utilizados, mas consulte um médico primeiro.
- Probióticos podem ajudar a manter o equilíbrio microbiano.
5. Hepatotoxicidade (elevação das enzimas hepáticas)
A amoxicilina pode ocasionalmente causar elevação das enzimas hepáticas, indicando lesão leve no fígado, embora danos severos ao fígado sejam raros.
A amoxicilina, particularmente quando combinada com ácido clavulânico (como no Augmentin), pode causar lesão colestática ou dano hepatocelular. O mecanismo exato não é claro, mas pode envolver reações mediadas por imunidade ou toxicidade direta às hepatócitos, levando a função hepática comprometida e liberação de enzimas.
Frequência: a hepatotoxicidade é rara, ocorrendo em menos de 1% dos usuários do medicamento amoxicilina, sendo mais comum com amoxicilina-clavulanato do que com amoxicilina isoladamente.
Redução/evitação:
- Evite álcool durante o tratamento com amoxicilina, pois o álcool pode agravar o estresse hepático.
- Informe seu médico sobre qualquer histórico de doença hepática ou uso simultâneo de medicamentos hepatotóxicos.
- Monitore sintomas como icterícia, urina escura ou dor abdominal e procure atendimento médico se ocorrerem.
- Exames de função hepática são recomendados para pessoas que tomam o medicamento amoxicilina a longo prazo.
Efeitos colaterais raros da amoxicilina
Os efeitos colaterais raros do medicamento amoxicilina incluem:
- Distúrbios sanguíneos (por exemplo, leucopenia, trombocitopenia): Os distúrbios sanguíneos ocorrem em <1% dos usuários de amoxicilina, provavelmente devido à destruição mediada por imunidade das células sanguíneas. Exames de sangue regulares podem monitorar esses efeitos.
- Efeitos neurológicos (por exemplo, tontura, convulsões): Este efeito colateral é muito raro (<0,1%), ocorrendo tipicamente em pessoas que tomam amoxicilina em altas doses ou com comprometimento renal. Ajustar a dose com base na função renal pode mitigar esse risco.
- Efeitos nos rins (por exemplo, nefrite intersticial): Este efeito colateral é raro (<1%), causado por inflamação mediada por imunidade nos rins. Beber bastante água e monitorar a função renal pode ajudar.
Precauções e considerações
- Para minimizar os efeitos colaterais da amoxicilina, você deve:
- Completar todo o curso do medicamento amoxicilina conforme prescrito para prevenir a resistência aos antibióticos.
- Evitar automedicação ou compartilhar antibióticos com outras pessoas.
- Informar seu médico sobre todos os medicamentos, suplementos alimentares ou condições médicas antes de iniciar o uso do medicamento amoxicilina.
- Armazenar a amoxicilina conforme orientado (por exemplo, longe de calor e umidade) e verificar datas de validade.