O tratamento cirúrgico do cérebro para glioblastoma pode adquirir mais benefícios com a imunoterapia CAR-T ao incorporar um gel recém-desenvolvido com a terapia, de acordo com o estudo “O gel de fibrina melhora os efeitos antitumorais das células T do receptor de antígeno quimérico em glioblastoma”, do Lineberger Comprehensive Cancer Center da Universidade da Carolina do Norte, publicado na revista Science Advances.

O glioblastoma é um câncer cerebral altamente maligno e letal, originado de células gliais (células do cérebro que apoiam e nutrem os neurônios). O glioblastoma geralmente é diagnosticado em pessoas na faixa dos 60 anos. Estima-se que apenas 40% dos pacientes vivem por um ano após o diagnóstico, e 17% conseguem viver por dois anos.
A imunoterapia com células CAR-T (células T do receptor de antígeno quimérico) é realizada através da coleta de células T do sistema imunológico de um paciente e sua engenharia genética em laboratório para reconhecer alvos na superfície das células cancerosas.
O novo gel e a imunoterapia
A equipe de pesquisa utilizou a imunoterapia com células CAR-T em um modelo de rato com glioblastoma cirurgicamente removido. Estudos anteriores revelaram que não havia mais benefícios com a administração de células T. No entanto, o presente estudo mostrou que a incorporação do gel com a imunoterapia aumentou os benefícios da imunoterapia.
Edikan Ogunnaike, engenheiro biomédico da UNC e primeiro autor do artigo, afirma: “Desenvolvemos um gel feito de fibrina. É uma proteína mais frequentemente associada à ajuda na coagulação do sangue. Aplicar uma substância em gel em uma área do cérebro para auxiliar a terapia com células CAR-T é algo único no tratamento do glioblastoma. O gel auxiliou a distribuição das células CAR-T no cérebro, ajudando as células T a se adaptarem ao ambiente da ferida pós-cirúrgica, enquanto também impediu a recorrência do tumor.”
O estudo mostrou que 9 dos 14 (64%) ratos que receberam o gel e as células T estavam livres de tumor 94 dias após o tratamento, comparado a 2 de 10 (20%) ratos que apenas receberam as células T.
“Nosso approach foi benéfico para o tratamento do glioblastoma, e acreditamos que ele também poderia controlar o crescimento ou o retorno de tumores no cérebro, nos olhos e em outros órgãos. Deve-se notar que a entrega direta de células CAR-T em uma área pós-cirúrgica deve resultar em uma ampla cobertura da superfície da cavidade cirúrgica para maximizar a possibilidade de que as células T entrem em contato com células tumorais residuais, que é onde nosso andaime flexível mostrou ser de grande benefício”, diz Gianpietro Dotti, MD, professor do Departamento de Microbiologia e Imunologia da Escola de Medicina da UNC, co-líder do Programa de Imunologia do UNC Lineberger e autor correspondente deste artigo.