Distúrbios do ritmo cardíaco (termo médico: arritmia) são condições em que o coração bate de forma irregular, muito rápido ou muito devagar. Essas condições podem variar de palpitações inofensivas a emergências potencialmente fatais. Os medicamentos desempenham um papel central no controle das arritmias, restaurando o ritmo cardíaco normal e prevenindo complicações perigosas. A escolha do medicamento adequado depende do tipo de arritmia, da saúde geral do paciente e de doenças subjacentes.

Visão geral dos distúrbios do ritmo cardíaco
As arritmias são distúrbios do sistema de condução elétrica do coração. Esses distúrbios interrompem a sequência normal das contrações atriais e ventriculares.
Os tipos de arritmias incluem:
- Fibrilação atrial: a arritmia sustentada mais comum, caracterizada pela atividade atrial caótica.
- Flutter atrial: ritmo atrial rápido, mas organizado.
- Tachicardias supraventriculares: ritmos rápidos que se originam acima dos ventrículos.
- Tachicardia ventricular e fibrilação ventricular: ritmos perigosos que podem levar à parada cardíaca súbita.
- Bradiarritmias: ritmos cardíacos lentos, frequentemente devido a doenças do sistema de condução elétrica.
As causas e fatores de risco comuns são: doença arterial coronariana, hipertensão, doenças estruturais do coração, desequilíbrio da tireoide, distúrbios eletrolíticos, drogas estimulantes e envelhecimento.

Os objetivos do tratamento são:
- Restaurar ou manter o ritmo cardíaco normal.
- Controlar a frequência ventricular.
- Prevenir complicações como acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca ou morte súbita.
Classificação dos medicamentos contra distúrbios do ritmo cardíaco
A classificação de Vaughan Williams continua sendo a maneira padrão de categorizar os medicamentos contra distúrbios do ritmo cardíaco.
- Classe I: Medicamentos bloqueadores de canais de sódio. Subclasses IA (quinidina, procainamida), IB (lidocaína, mexiletina) e IC (flecainida, propafenona).
- Classe II: Medicamentos beta-bloqueadores (metoprolol, propranolol, bisoprolol).
- Classe III: Medicamentos bloqueadores de canais de potássio (amiodarona, sotalol, dronedarona).
- Classe IV: Medicamentos bloqueadores de canais de cálcio (verapamil, diltiazem).
Outros medicamentos importantes não se encaixam nessas categorias, mas permanecem essenciais, incluindo adenosina, digoxina e anticoagulantes no tratamento da fibrilação atrial.
Melhores medicamentos para tratar distúrbios do ritmo cardíaco
1. Medicamentos bloqueadores de canais de sódio (Classe I)
Esses medicamentos bloqueiam a entrada de sódio durante a despolarização cardíaca, diminuindo a condução elétrica.
- Exemplos: quinidina, procainamida, flecainida.
- Esses medicamentos são usados para tratar arritmias supraventriculares e algumas taquicardias ventriculares.
- Vantagens: Esses medicamentos são eficazes na restauração do ritmo sinusal.
- Limitações: risco de proarritmia, especialmente em doenças cardíacas estruturais; efeitos colaterais incluem tontura, desconforto gastrointestinal e, em alguns casos, piora das arritmias.

2. Medicamentos beta-bloqueadores (Classe II)
Esses medicamentos bloqueiam a estimulação simpática, diminuindo a frequência cardíaca e reduzindo os gatilhos de arritmia.
- Exemplos: metoprolol, propranolol, bisoprolol.
- Esses medicamentos são usados para tratar fibrilação atrial (controle da frequência cardíaca), taquicardias supraventriculares, arritmias ventriculares desencadeadas por estresse ou exercício.
- Avaliação: Esses medicamentos são amplamente recomendados como primeira escolha. Eles não apenas controlam o ritmo cardíaco, mas também reduzem a mortalidade em pacientes com doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca.
- Efeitos colaterais: fadiga, bradicardia, hipotensão, broncoespasmo (especialmente com medicamentos não seletivos).

3. Medicamentos bloqueadores de canais de potássio (Classe III)
Esses medicamentos desaceleram a fase de repolarização—fase em que o coração se prepara para seu próximo batimento. Esse efeito faz com que o sinal elétrico (potencial de ação) no coração dure mais. Esse efeito também estende o período refratário, que é o tempo em que as células cardíacas não podem ser reativadas. Isso ajuda a prevenir batimentos cardíacos anormais ou precoces.
- Exemplos: amiodarona, sotalol, dronedarona.
- Esses medicamentos são usados para tratar fibrilação atrial, taquicardia ventricular e prevenir arritmias recorrentes.
- Vantagens: Esses medicamentos são altamente eficazes para arritmias graves. A amiodarona é particularmente poderosa e versátil.
- Riscos: a amiodarona pode causar toxicidade na tireoide, pulmão, fígado e olhos com o uso a longo prazo. O sotalol apresenta risco de torsades de pointes (uma taquicardia ventricular perigosa).

4. Medicamentos bloqueadores de canais de cálcio (Classe IV)
Esses medicamentos desaceleram a condução elétrica pelo nó atrioventricular.
- Exemplos: verapamil, diltiazem.
- Esses medicamentos são usados para tratar taquicardias supraventriculares e controlar a frequência ventricular na fibrilação atrial.
- Limitações: Esses medicamentos não são adequados para pacientes com insuficiência cardíaca severa ou bloqueio avançado da condução elétrica.
- Efeitos colaterais: constipação, edema nos tornozelos, hipotensão, bradicardia.

5. Outros medicamentos importantes
– Adenosina: Este medicamento atua no nó atrioventricular para interromper taquicardias supraventriculares em alguns segundos quando administrado por via intravenosa. Este medicamento não é para uso a longo prazo, mas é salvador de vidas em situações agudas.
– Digoxina: Este medicamento aumenta o tônus vagal para desacelerar a condução elétrica atrioventricular. A digoxina é usada principalmente no tratamento da fibrilação atrial com insuficiência cardíaca. Sua eficácia é menor em comparação com os medicamentos beta-bloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio. A toxicidade (náuseas, distúrbios visuais, arritmias perigosas) é uma preocupação, especialmente em idosos.
– Medicamentos anticoagulantes: Esses medicamentos não são antiarrítmicos, mas são essenciais no tratamento da fibrilação atrial para prevenir coágulos sanguíneos e acidentes vasculares cerebrais. As opções incluem warfarina e anticoagulantes orais diretos (dabigatrana, rivaroxabana, apixabana, edoxabana).

Comparação e avaliação da eficácia
- Medicamentos beta-bloqueadores: esses medicamentos são os melhores para controle da frequência cardíaca, com benefício sobrevivência comprovado.
- Amiodarona: este medicamento é o mais eficaz para manter o ritmo sinusal, mas os efeitos colaterais a longo prazo limitam seu uso.
- Flecainida e propafenona: esses medicamentos são muito eficazes em pacientes sem doença cardíaca estrutural.
- Sotalol: este medicamento é eficaz, mas deve ser usado com cautela devido ao risco de torsades de pointes.
- Verapamil e diltiazem: esses medicamentos são eficazes no tratamento de taquicardias supraventriculares e no controle da frequência cardíaca na fibrilação atrial, mas não são adequados para insuficiência cardíaca severa.
Nas diretrizes clínicas, os medicamentos beta-bloqueadores e a amiodarona são considerados medicamentos fundamentais. A escolha do medicamento deve equilibrar eficácia e segurança para cada indivíduo.
Orientações práticas para os pacientes
– Tome seus medicamentos exatamente como prescritos. Não interrompa seus medicamentos de forma súbita sem orientação médica.
– Aprenda a reconhecer os efeitos colaterais: tontura, falta de ar, fadiga, alterações visuais ou inchaço. Relate os efeitos colaterais prontamente.
– O monitoramento regular é crucial. Alguns medicamentos requerem exames de sangue (por exemplo, teste de função tireoidiana e função hepática quando você toma o medicamento amiodarona).
– Evite estimulantes como cafeína excessiva, álcool ou drogas ilícitas, pois podem desencadear arritmias.
– Mantenha um estilo de vida saudável para o coração: controle a pressão arterial, gerencie o diabetes, exercite-se moderadamente e evite fumar.
– Procure atendimento urgente se você passar por desmaios, dor no peito severa ou batimentos cardíacos muito rápidos ou muito lentos.
Papel dos medicamentos em comparação com outros métodos de tratamento
Os medicamentos permanecem a terapia de primeira escolha para muitos casos de arritmia, mas nem sempre são suficientes.
- A ablação por cateter pode curar muitos tipos de taquicardias supraventriculares e fibrilação atrial quando os medicamentos falham.
- Marcapassos são usados para tratar bradiarritmias.
- Desfibriladores cardioverter implantáveis previnem morte súbita em casos de arritmias ventriculares de alto risco.
Os médicos frequentemente combinam medicamentos com esses métodos para segurança e eficácia a longo prazo.
Novas terapias
A pesquisa está se concentrando no desenvolvimento de medicamentos mais seguros contra distúrbios do ritmo cardíaco com menos toxicidades. Estudos genéticos ajudam a prever quais pacientes respondem melhor a certos medicamentos. Novos medicamentos que visam canais iônicos específicos ou vias de sinalização estão sendo investigados. Além disso, dispositivos vestíveis e inteligência artificial estão melhorando a detecção de arritmias e orientando ajustes de medicamentos.