A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica que afeta principalmente as articulações, causando dor, inchaço, rigidez nas articulações e potencial dano articular. Diferente da osteoartrite, que resulta do desgaste das articulações, a artrite reumatoide é causada por um ataque do sistema imunológico aos tecidos articulares, levando à inflamação que pode se espalhar pelo corpo. A dieta pode desempenhar um papel significativo no manejo dos sintomas da artrite reumatoide, uma vez que certos alimentos podem aumentar a inflamação, interromper as respostas imunes e intensificar os sintomas da artrite reumatoide. Este artigo fornece informações detalhadas sobre os alimentos que as pessoas com artrite reumatoide devem evitar, com base em pesquisas e uma compreensão de seu impacto na inflamação e nos sintomas da artrite reumatoide.
Alimentos que as pessoas com artrite reumatoide devem evitar
1. Carnes vermelhas e processadas
As carnes vermelhas, especialmente as processadas, são ricas em gorduras saturadas e contêm compostos que podem aumentar a inflamação.
As gorduras saturadas causam inflamação porque podem aumentar os níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL). Além disso, as carnes vermelhas contêm um composto chamado ácido N-glicolilneuramínico (Neu5Gc), que não é produzido naturalmente pelo corpo humano. Quando consumido, o sistema imunológico percebe o Neu5Gc como uma molécula estrangeira e inicia uma resposta imune, causando inflamação. Estudos mostraram que níveis mais altos de consumo de carne estão associados a marcadores de inflamação aumentados, como a proteína C-reativa (PCR).
Um estudo de 2021 publicado na revista Arthritis Research & Therapy descobriu que pessoas com artrite reumatoide que reduziram o consumo de carne vermelha apresentaram níveis mais baixos de PCR e menos crises. Outra meta-análise descobriu que dietas ricas em carnes vermelhas e processadas correlacionam-se com marcadores inflamatórios elevados e aumento do estresse oxidativo, ambos contribuindo para a gravidade dos sintomas da artrite reumatoide.
2. Açúcar e carboidratos refinados
O açúcar e os carboidratos refinados provocam picos de açúcar no sangue que aumentam a inflamação em todo o corpo.
Alimentos ricos em açúcar e carboidratos refinados, como pão branco, massas e doces, levam a aumentos rápidos nos níveis de glicose no sangue. Isso desencadeia um aumento na insulina e em citocinas pró-inflamatórias, incluindo interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α). Essas substâncias podem agravar os sintomas da artrite reumatoide. Além disso, o consumo excessivo de açúcar pode contribuir para o ganho de peso, colocando estresse adicional nas articulações.

Um grande estudo coorte publicado no The American Journal of Clinical Nutrition descobriu que indivíduos com maior ingestão de bebidas açucaradas e carboidratos refinados apresentavam níveis de inflamação significativamente mais altos e um maior risco de crises de artrite reumatoide. Outro estudo observou que aqueles que seguiram uma dieta de baixo índice glicêmico, que limita açúcares e carboidratos refinados, experimentaram reduções na dor articular e no inchaço das articulações.
3. Laticínios
Os laticínios contêm proteínas que podem desencadear respostas autoimunes em indivíduos com artrite reumatoide.
A caseína e o soro, as principais proteínas nos laticínios, podem atuar como alérgenos ou gatilhos imunológicos em algumas pessoas com artrite reumatoide, levando à inflamação articular. Além disso, os laticínios são uma fonte de gorduras saturadas, que contribuem para a inflamação sistêmica. Algumas pessoas com artrite reumatoide também relatam intolerância à lactose, o que agrava os sintomas digestivos e potencialmente aumenta os marcadores inflamatórios.

Um estudo de 2018 na revista Clinical Rheumatology constatou que a eliminação dos laticínios ajudou a reduzir a gravidade dos sintomas em um subconjunto de pessoas com artrite reumatoide. Outro estudo destacou que as proteínas da caseína nos laticínios podem estimular vias inflamatórias, particularmente em indivíduos sensíveis a produtos lácteos.
4. Grãos que contêm glúten
O glúten pode provocar uma resposta imune em pessoas com sensibilidade ao glúten, levando ao aumento da inflamação.
O glúten, uma proteína encontrada no trigo, cevada e centeio, pode causar uma resposta imune em indivíduos que são sensíveis a ele. Embora a sensibilidade ao glúten esteja mais comumente associada à doença celíaca, pesquisas mostram que a sensibilidade ao glúten não celíaca também pode desencadear uma resposta inflamatória, particularmente em condições autoimunes como a artrite reumatoide. Essa inflamação pode piorar a dor articular, o inchaço nas articulações e a rigidez articular.

Um estudo na revista BMC Musculoskeletal Disorders descobriu que indivíduos com artrite reumatoide que seguiram uma dieta sem glúten relataram melhorias na dor articular e reduções em marcadores inflamatórios como PCR. Pesquisas também mostraram que o glúten pode aumentar a permeabilidade intestinal, levando potencialmente a uma “síndrome do intestino permeável”, onde substâncias pró-inflamatórias entram na corrente sanguínea e exacerbam os sintomas da artrite reumatoide.
5. Alimentos fritos e fast food
Os alimentos fritos contêm gorduras trans e produtos finais de glicação avançada (AGEs), ambos os quais promovem a inflamação.
Os alimentos fritos, especialmente aqueles de restaurantes fast food, geralmente contêm gorduras trans, que aumentam a resposta inflamatória do corpo. Além disso, a fritura produz AGEs, compostos nocivos que se formam quando proteínas ou gorduras se combinam com açúcar. Os AGEs podem se acumular em tecidos e articulações, ativando vias inflamatórias. Esses alimentos também contribuem para a obesidade, que é um fator de risco para o agravamento dos sintomas da artrite reumatoide devido ao estresse adicional nas articulações.
O Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism publicou um estudo mostrando que pessoas que consumiam frequentemente alimentos fritos e fast food apresentavam níveis mais altos de marcadores inflamatórios, incluindo IL-6 e PCR. Outro estudo mostrou que dietas ricas em AGEs correlacionam-se com processos inflamatórios aumentados em doenças autoimunes como artrite reumatoide.
6. Álcool
O álcool aumenta a inflamação sistêmica e interrompe a função imunológica.
O álcool pode interferir na função imune e agravar a inflamação, especialmente em grandes quantidades. O consumo regular de álcool pode prejudicar a capacidade do fígado de filtrar toxinas e compostos inflamatórios, que podem se acumular e agravar os sintomas da artrite reumatoide. Além disso, o álcool pode levar a uma deficiência de nutrientes, como o ácido fólico, que é importante para a reparação celular e a função imunológica.
Segundo uma revisão de 2019 na revista Autoimmunity Reviews, o consumo crônico de álcool demonstrou aumentar citocinas como TNF-α e IL-6. Em pessoas com artrite reumatoide, a alta ingestão de álcool está associada a sintomas mais severos, enquanto o consumo moderado não tem o mesmo impacto. No entanto, geralmente se aconselha a limitar ou evitar o álcool para aqueles com condições autoimunes.
7. Alimentos ricos em sódio
O excesso de sódio pode promover retenção de água, aumentar a pressão arterial e intensificar a inflamação.
A ingestão alta de sódio pode agravar a inflamação e levar à retenção de líquidos, o que pode colocar pressão adicional nas articulações. O consumo excessivo de sal também foi associado a reações autoimunes em alguns indivíduos. Alimentos processados costumam ser ricos em sódio, tornando difícil monitorar a ingestão, especialmente ao seguir uma dieta típica.
Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences indicou que o consumo excessivo de sódio pode ativar certas células imunes (como as células TH17) que estão implicadas em doenças autoimunes, incluindo artrite reumatoide. Outro estudo descobriu que pessoas com artrite reumatoide que reduziram a ingestão de sódio apresentaram níveis de inflamação mais baixos e melhorias na dor articular.
8. Ácidos graxos ômega-6
Os ácidos graxos ômega-6 promovem a produção de substâncias químicas pró-inflamatórias no corpo.
Embora os ácidos graxos ômega-6 sejam essenciais, um excesso desses ácidos pode levar a um desequilíbrio com os ácidos graxos ômega-3, resultando em aumento da inflamação. Os ácidos graxos ômega-6 estão comumente presentes em óleos vegetais como de milho, soja e girassol, bem como em alimentos fritos e processados. Um desequilíbrio desses ácidos graxos está associado a níveis mais altos de citocinas e PCR, que agravam os sintomas da artrite reumatoide.
Pesquisas publicadas no The Journal of Clinical Investigation mostraram que uma proporção excessiva de ácidos graxos ômega-6 em relação aos ácidos graxos ômega-3 contribui para a inflamação em condições autoimunes. Pessoas com artrite reumatoide que adotam uma ingestão equilibrada de ômega-3 e ômega-6 relatam menos sintomas, uma vez que os ácidos graxos ômega-3 são anti-inflamatórios.
Resumo
No manejo da artrite reumatoide, além da medicação e do exercício, as escolhas dietéticas desempenham um papel crucial no controle da inflamação e na redução da gravidade dos sintomas. Evitar carnes vermelhas e processadas, alimentos açucarados, laticínios, glúten, alimentos fritos, álcool, alimentos ricos em sódio e ácidos graxos ômega-6 em excesso pode ajudar pessoas com artrite reumatoide a reduzir a inflamação e a experimentar menos crises. Pesquisas continuam a mostrar as conexões entre dieta e inflamação, sublinhando a importância de decisões dietéticas informadas para um melhor manejo da artrite reumatoide.