Um terço das crianças que testaram positivo para SARS-CoV-2 eram assintomáticas, mostrou um estudo observacional realizado no Canadá.
Os pesquisadores alertaram que, embora tosse e rinite fossem dois dos sintomas mais comuns entre as crianças infectadas, esses sintomas também foram frequentemente relatados entre aproximadamente 500 crianças com resultados de teste negativos e “não eram preditivos”.
“Identificar crianças que provavelmente estão infectadas é desafiador”, escreveram James A. King, MSc, um analista dos Serviços de Dados de Pesquisa Provincial no Canadá, e colegas.
Os pesquisadores revisaram dados de 2.463 crianças que foram testadas para infecção por SARS-CoV-2 por meio de swab ou outro teste entre 13 de abril e 30 de setembro de 2020.
Os resultados, publicados na CMAJ, indicaram que 1.987 das crianças testaram positivo para infecção por SARS-CoV-2 (idade média de 9,3 anos) e, dessas, 35,9% eram assintomáticas. Rinite e tosse foram dois dos sintomas mais comuns entre as crianças com resultados de teste positivos (24,5% e 19,3%, respectivamente), mas esses sintomas também eram comuns entre as crianças com resultados de teste negativos (idade média de 8,5 anos) e, portanto, não eram preditivos de um teste positivo (razão de verossimilhança positiva [LR] = 0,96; IC 95%, 0,81-1,14, e LR positiva = 0,87; IC 95%, 0,72-1,06, respectivamente).
“Podemos fazer todos os questionários de COVID-19 que quisermos, mas se um terço das crianças é assintomático, a resposta vai ser não para todas as perguntas — e mesmo assim elas estão infectadas”, disse Finlay McAlister, MD, MSc, professor de medicina da Universidade de Alberta no Canadá, em um comunicado à imprensa.
Segundo os pesquisadores, a anosmia/ageusia (LR positiva = 7,33; IC 95%, 3,03-17,76), náusea/vômito (LR positiva = 5,51; IC 95%, 1,74-17,43), dor de cabeça (LR positiva = 2,49; IC 95%, 1,74-3,57) e febre (LR positiva = 1,68; IC 95%, 1,34-2,11) foram os sintomas mais preditivos de um teste positivo para SARS-CoV-2 entre crianças. A LR positiva para a combinação de anosmia/ageusia, náusea/vômito e dor de cabeça foi de 65,92 (IC 95%, 49,48-91,92).
James King e colegas observaram que muitos dos sintomas identificados em crianças que testaram positivo estão intimamente alinhados com aqueles em adultos. No entanto, “vale a pena destacar que a maioria dos sintomas associados à positividade para SARS-CoV-2 era pouco comum em crianças e, portanto, teria baixa sensibilidade em um potencial teste de triagem”.
Em um editorial relacionado, Nisha Thampi, MD, MSc, FRCPC, professora assistente e consultora em doenças infecciosas pediátricas do Hospital Infantil do Leste de Ontário, e colegas escreveram que: as descobertas de James King e colegas ressaltam o papel crítico da higiene das mãos, ventilação, uso de máscaras e distanciamento social na prevenção da disseminação da infecção entre crianças em idade escolar.
Referências:
