Quase 500.000 americanos são diagnosticados com a doença de Lyme a cada ano, revela análise.
Uma média de quase meio milhão de americanos recebeu o diagnóstico de doença de Lyme anualmente de 2010 a 2018, de acordo com uma nova análise publicada na revista Emerging Infectious Diseases.
A doença de Lyme é frequentemente subnotificada nos Estados Unidos. Em 2017, por exemplo, os EUA reportaram um número recorde de doenças transmitidas por carrapatos — quase 60.000, a maioria delas doença de Lyme — mas o CDC observou que o número real de casos era muito maior.
Para obter uma estimativa mais precisa, Kiersten J. Kugeler, PhD, MPH, epidemiologista da Divisão de Doenças Bacterianas do CDC, e colaboradores usaram os bancos de dados MarketScan Commercial Claims and Encounters da IBM Watson Health para identificar diagnósticos de doença de Lyme, vinculando códigos de faturamento específicos para atendimentos de pacientes com prescrição de antimicrobianos.
Uma análise semelhante publicada em 2015 descobriu que cerca de 329.000 pessoas nos EUA eram diagnosticadas anualmente com a doença de Lyme de 2005 a 2010.
Na nova análise, Kugeler e colegas identificaram 118.780 indivíduos com um código específico para a doença de Lyme de 2010 a 2018. Dentre esses diagnósticos, 81% ocorreram entre residentes de 14 estados de alta incidência no Nordeste, Meio-Atlântico e Alto Meio-Oeste, e outros 8% entre residentes de estados vizinhos.
Os investigadores relataram que uma média de 205.000 pacientes foram codificados e tratados para a doença de Lyme a cada ano. Mas, após correção adicional para a omissão de códigos específicos da doença de Lyme nos registros dos pacientes, eles estimaram que uma média de cerca de 476.000 indivíduos receberam um diagnóstico de doença de Lyme anualmente de 2010 a 2018 (IC 95%, 405.000-547.000) — um aumento significativo em relação à estimativa de 2005-2010.
“Embora ambas as estimativas tenham sido calculadas usando métodos semelhantes, implementamos uma abordagem ligeiramente mais restritiva que proibiu que qualquer paciente com um diagnóstico de doença de Lyme fosse contado mais de uma vez durante o período de estudo de 9 anos,” escreveram Kugeler e colegas. “O aumento observado nos diagnósticos de doença de Lyme entre esses dois períodos reflete aumentos nos casos reportados por meio de vigilância.”
Eles disseram que as estimativas “sublinhavam o grande fardo clínico associado aos diagnósticos de doença de Lyme nos Estados Unidos.”
“Sistemas eletrônicos de dados médicos e laboratoriais em evolução devem ajudar a preencher lacunas de dados demonstráveis e permitir um monitoramento mais robusto e confiável das mudanças na magnitude e na disseminação da doença,” escreveram. “Intervenções eficazes são necessárias, e a conscientização melhorada entre clínicos e o público é fundamental para promover diagnósticos precoces e precisos e tratamento adequado.”
Um segundo estudo conduzido por Amy M. Schwartz, MPH, também epidemiologista da Divisão de Doenças Bacterianas do CDC, e colegas avaliou o MarketScan como uma fonte de informações sobre o diagnóstico da doença de Lyme nos EUA e encontrou que ele “fornece uma fonte de dados estável para monitorar tendências nos diagnósticos de doença de Lyme, mas certas características importantes” — como quais condições ou sintomas são comumente confundidos com a doença de Lyme em algumas áreas — “justificam uma investigação mais aprofundada.”
“À medida que o acesso a fontes eletrônicas de dados para informações relacionadas à saúde aumenta, dados mais diversos podem ser consultados para informar de maneira mais abrangente a epidemiologia da doença de Lyme,” escreveram os autores. “No entanto, ao usar novas fontes de dados, o volume, a estabilidade e a representatividade devem ser considerados antes de tirar conclusões.”
