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Idosos defecam várias vezes ao dia: causas e tratamento

Com o avanço da idade, os corpos das pessoas passam por diversas mudanças fisiológicas. Muitas dessas alterações podem afetar a saúde gastrointestinal. Um problema comumente relatado por adultos mais velhos é a necessidade de defecar várias vezes ao dia, muitas vezes causando desconforto e impactando a qualidade de vida. Síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, infecções, hipertireoidismo ou câncer colorretal podem causar a defecação frequente em idosos. Porém, vários outros fatores também podem ser responsáveis por esse problema.

Idosos defecam várias vezes ao dia: causas e tratamento
Estudos sugerem que cerca de 30-40% dos idosos experimentam alterações nos hábitos de defecação, incluindo aumento da frequência de defecação (4-6 vezes por dia).

Muitos idosos relataram a defecação frequente da seguinte forma.

  • Aumento da urgência: A incapacidade de adiar a defecação sem desconforto.
  • Volumes fecais menores: Defecar pequenas quantidades, mas várias vezes ao dia.
  • Fezes soltas

É essencial identificar as causas subjacentes para gerenciar essa questão de forma eficaz.

Causas comuns de defecação frequente em idosos

1. Alterações na motilidade gastrointestinal

O envelhecimento afeta o sistema nervoso entérico e a função dos músculos lisos no trato gastrointestinal. O sistema nervoso entérico – frequentemente chamado de “segundo cérebro” – controla a motilidade intestinal e a secreção. Com o envelhecimento, há uma diminuição no número de neurônios entéricos, redução na produção de neurotransmissores e comprometimento da sinalização entre neurônios e músculos. Essas mudanças podem resultar em contrações excessivas do cólon, levando ao aumento da motilidade gastrointestinal. As células musculares lisas também sofrem alterações estruturais e funcionais, incluindo redução da elasticidade e da responsividade, o que prejudica ainda mais a regulação intestinal.

Essa causa é bastante comum, ocorrendo em muitos idosos, especialmente aqueles com condições pré-existentes, como a síndrome do intestino irritável.

Diagnóstico:

  • Revisão da história clínica e dos sintomas
  • Colonoscopia ou estudos de motilidade intestinal para descartar anomalias estruturais.

Tratamento das alterações na motilidade gastrointestinal:

  • Ajustes na dieta: Aumento da ingestão de fibra para regular a defecação.
  • Uso de medicamentos: Antiespasmódicos ou medicamentos reguladores da motilidade.
  • Alterações no estilo de vida: Atividade física regular para estabilizar os hábitos de defecação.

2. Fatores dietéticos

Os idosos muitas vezes consomem alimentos ricos em fibras, frutas ou certos adoçantes artificiais, que podem estimular a defecação. Esta é uma causa muito comum e modificável.

Tente identificar os alimentos que causam a defecação frequente e ajuste o consumo.

Assegure uma dieta que atenda às necessidades nutricionais sem sobrecarregar o sistema digestivo.

3. Medicamentos

Certos medicamentos, como laxantes, antibióticos ou medicamentos para doenças cardíacas, podem aumentar a frequência da defecação. Laxantes, em particular, podem criar dependência ou estimular excessivamente o cólon.

Esse problema é prevalente entre indivíduos que estão tomando múltiplos medicamentos.

Diagnóstico:

  • Revisar a lista de medicamentos do paciente.
  • Monitorar os sintomas após a suspensão de medicamentos suspeitos (sob supervisão médica).

Se a medicação for a causa, tente ajustar a dosagem do medicamento ou encontrar alternativas. Considere reequilibrar a flora intestinal afetada por antibióticos.

4. Distúrbios digestivos

Condições como síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal ou colite microscópica podem causar a defecação frequente devido à inflamação ou hipersensibilidade da mucosa intestinal.

Diagnóstico:

  • Colonoscopia e biópsia.
  • Exames de sangue para verificar marcadores de inflamação.

Tratamento dos distúrbios digestivos:

  • Uso de medicamentos: Anti-inflamatórios ou probióticos.
  • Manejo dietético: Evitar alimentos desencadeantes e adotar uma dieta de baixo resíduo, se necessário.

5. Disfunção do assoalho pélvico

A fraqueza dos músculos do assoalho pélvico ocorre naturalmente com o envelhecimento devido à redução da produção de colágeno, alterações hormonais e perda de massa muscular. Esses músculos, que suportam a bexiga, o reto e outros órgãos pélvicos, tornam-se menos eficazes na retenção das fezes. Danos nervosos relacionados à idade também podem prejudicar a coordenação dos músculos do assoalho pélvico, levando a problemas como evacuação incompleta e aumento da urgência para defecar.

Essa é uma questão comum, particularmente em mulheres idosas pós-menopausa ou indivíduos com histórico de cirurgia pélvica.

Diagnóstico:

  • Manometria anorretal.
  • RNM ou defecografia para avaliar a função do assoalho pélvico.

Tratamento da disfunção do assoalho pélvico:

  • Terapia do assoalho pélvico: Exercícios de fisioterapia para fortalecer os músculos.
  • Biofeedback: Treinamento para melhorar a coordenação muscular.

6. Condições neurológicas

Distúrbios neurológicos como a doença de Parkinson, esclerose múltipla ou neuropatia diabética podem desregular a função intestinal, pois essas doenças prejudicam a comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e o sistema nervoso entérico. Danos aos nervos autônomos reduzem a capacidade de coordenar as contrações intestinais, levando a hábitos de defecação alterados. Na doença de Parkinson, por exemplo, a redução dos níveis de dopamina retarda o trânsito gastrointestinal, enquanto em alguns casos, pode ocorrer uma motilidade intestinal excessiva devido à desregulação autonômica.

Diagnóstico:

  • Exame neurológico.
  • Exame de imagem ou estudos de condução nervosa.

Tratamento das condições neurológicas:

  • Gerenciamento neurológico: Tratamento do distúrbio subjacente.
  • Programas de treinamento de defecação: Estabelecimento de hábitos intestinais regulares.

7. Infecções

Infecções bacterianas, virais ou parasitárias podem irritar a mucosa intestinal, causando defecação frequente. Intoxicações alimentares e gastroenterites são exemplos comuns.

Diagnóstico:

  • Cultura de fezes.
  • Exames de sangue para verificar marcadores de infecção.

Tratamento de infecções:

  • Antibióticos ou antivirais: Com base no patógeno identificado.
  • Hidratação: Para prevenir desidratação devido às fezes frequentes.

Em resumo, a defecação frequente em idosos pode resultar de uma variedade de causas, incluindo processos naturais de envelhecimento, hábitos alimentares, medicamentos ou condições médicas subjacentes. Identificar a causa raiz é essencial para um tratamento eficaz. Se você ou um ente querido está experimentando mudanças persistentes nos hábitos de defecação, consulte um profissional de saúde para garantir um diagnóstico preciso e uma intervenção precoce.

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