O metilfenidato é um estimulante do sistema nervoso central que os médicos costumam prescrever para tratar o transtorno de déficit de atenção/comportamento hiperativo e a narcolepsia. Se você ou seu filho tem transtorno de déficit de atenção/comportamento hiperativo, este medicamento pode ajudar a melhorar o foco, reduzir comportamentos impulsivos e aumentar a capacidade de atenção. No entanto, como todos os medicamentos, o metilfenidato pode causar efeitos colaterais. Entender como o metilfenidato funciona e como esses efeitos colaterais ocorrem ajuda você a usar este medicamento de forma mais segura e eficaz.
O medicamento metilfenidato é vendido sob diversas marcas: Concerta, Medikinet, Equasym, Ritalina, Daytrana, Quillivant XR ou Aptensio XR.
Como o metilfenidato funciona em nosso corpo
O metilfenidato atua principalmente aumentando os níveis de dois neurotransmissores importantes em nosso cérebro: dopamina e norepinefrina. Essas substâncias químicas desempenham um papel crucial na atenção, motivação e função executiva.
O metilfenidato bloqueia a reabsorção de dopamina e norepinefrina nos neurônios pré-sinápticos. Assim, este medicamento aumenta a concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica—o espaço entre os neurônios. Esse efeito melhora a comunicação entre os neurônios em áreas do cérebro responsáveis pela atenção e regulação do comportamento, especialmente no córtex pré-frontal.
Devido a esse efeito estimulante, o metilfenidato pode reduzir os sintomas do transtorno de déficit de atenção/comportamento hiperativo, como desatenção, hiperatividade e impulsividade. Este medicamento geralmente começa a fazer efeito entre 20 a 60 minutos após a ingestão oral, e a duração da ação do medicamento depende da formulação (liberação imediata ou liberação prolongada).
Efeitos colaterais comuns do metilfenidato
O metilfenidato pode causar vários efeitos colaterais, especialmente quando você começa a tomar este medicamento ou quando sua dose é aumentada. Abaixo está uma explicação detalhada dos efeitos colaterais mais frequentemente relatados e dicas para reduzi-los ou evitá-los.
1. Perda de apetite
Você pode sentir menos fome do que o habitual ou pular refeições involuntariamente. Em crianças, esse efeito colateral pode resultar em ganho de peso mais lento.
O metilfenidato estimula o hipotálamo – a região do cérebro que regula a fome e a saciedade. Essa estimulação inibe o apetite porque aumenta a atividade da dopamina e da norepinefrina, que diminuem os sinais de fome.
Frequência de ocorrência: Este efeito colateral é comum e ocorre em 30% a 40% dos usuários do metilfenidato, especialmente crianças.
Como reduzi-lo: Você pode tentar comer refeições nutritivas e calóricas quando os efeitos do medicamento estiverem mais baixos—como nas primeiras horas da manhã ou no final da noite. Oferecer pequenas refeições ou lanches frequentes também pode ajudar, particularmente para crianças. Se esse problema persistir, seu médico pode ajustar a dose ou mudar a formulação.
2. Insônia
Você pode ter dificuldade para adormecer, permanecer dormindo ou acordar muito cedo pela manhã.
O metilfenidato aumenta a atividade do sistema nervoso central e mantém seu cérebro em um estado mais alerta. Níveis elevados de dopamina e norepinefrina interferem no seu ciclo natural de sono-vigília, especialmente se você tomar o medicamento muito tarde durante o dia.
Frequência de ocorrência: Cerca de 10% a 30% dos usuários de metilfenidato experimentam distúrbios do sono.
Como reduzi-lo: Você deve tomar o medicamento metilfenidato no início do dia—idealmente antes do meio-dia. Evite cafeína e telas à noite. Se os problemas de sono persistirem, seu médico pode recomendar uma formulação de ação mais curta ou uma dose menor.
3. Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial
Você pode notar um batimento cardíaco mais rápido ou valores de pressão arterial mais altos.
O metilfenidato estimula a liberação de norepinefrina, o que aumenta a atividade do sistema nervoso simpático. Essa ativação eleva sua frequência cardíaca e pressão arterial.
Frequência de ocorrência: Este efeito colateral é comum. Estudos mostram um pequeno, mas consistente aumento na frequência cardíaca (5–10 bpm) e na pressão arterial sistólica (2–4 mmHg) em muitas pessoas que tomam metilfenidato.
Como reduzi-lo: Seu médico deve monitorar sua pressão arterial e frequência cardíaca regularmente, especialmente no início do tratamento com metilfenidato. Você deve informar seu médico se já tem uma condição cardíaca ou se notar dor no peito, falta de ar ou tontura.
4. Nervosismo
Você pode se sentir mais ansioso ou inquieto após tomar o medicamento.
Níveis elevados de dopamina e norepinefrina podem superestímular partes do seu cérebro envolvidas na resposta ao estresse. O medicamento também pode reduzir sua capacidade de relaxar ou permanecer parado.
Frequência de ocorrência: Cerca de 10% a 20% dos usuários de metilfenidato relatam sentir-se nervosos ou ansiosos.
Como reduzi-lo: Você pode tentar técnicas de relaxamento, como respiração profunda ou meditação. Reduzir a ingestão de cafeína pode ajudar. Em alguns casos, é necessário reduzir a dose ou mudar para um medicamento diferente.
5. Dor de cabeça
Muitas pessoas desenvolvem dores de cabeça leves a moderadas, particularmente durante as primeiras 2-3 semanas de uso do metilfenidato.
O metilfenidato afeta o fluxo sanguíneo cerebral e pode causar mudanças vasculares em seu cérebro. Ele também altera os níveis de neurotransmissores, o que pode desencadear dores de cabeça em indivíduos sensíveis.
Frequência de ocorrência: Este efeito colateral afeta de 10% a 15% dos usuários de metilfenidato.
Como reduzi-lo: Beber água suficiente, fazer refeições regulares e tomar o medicamento com alimentos pode ajudar a prevenir dores de cabeça. Você pode usar analgésicos de venda livre, se aprovados pelo seu médico.
6. Náuseas e dor abdominal
Você pode sentir náuseas ou experimentar desconforto abdominal após tomar o medicamento.
O metilfenidato estimula o sistema nervoso simpático, o que pode reduzir a motilidade gastrointestinal e retardar a digestão. Esse efeito causa náuseas e cólicas abdominais.
Frequência de ocorrência: Cerca de 10% dos usuários do metilfenidato experienciam sintomas gastrointestinais.
Como reduzi-lo: Tomar o medicamento com alimentos ou leite pode reduzir a irritação estomacal. Se as náuseas persistirem, seu médico pode mudar a dose ou o horário da medicação.
7. Tontura
Você pode sentir-se tonto ou com a cabeça leve, especialmente ao se levantar rapidamente.
O metilfenidato pode causar pequenas mudanças na pressão arterial e no fluxo sanguíneo para o cérebro. Esses efeitos podem levar à tontura em alguns indivíduos, particularmente durante os ajustes de dose.
Frequência de ocorrência: Este efeito colateral ocorre em cerca de 5% a 10% dos usuários do metilfenidato.
Como reduzi-lo: Você deve levantar-se lentamente de posições sentadas ou deitadas. Beber bastante água também pode ajudar.
Efeitos colaterais raros, mas graves do metilfenidato
Em raras ocasiões, o metilfenidato pode causar efeitos colaterais graves que requerem atenção médica imediata.
8. Sintomas psiquiátricos (alucinações, mania, pensamentos suicidas)
A superestimulação das vias dopaminérgicas em determinadas áreas do cérebro pode desencadear psicose ou distúrbios de humor em indivíduos vulneráveis.
Frequência de ocorrência: Esses efeitos ocorrem em menos de 1% dos usuários do metilfenidato.
Prevenção: Você deve relatar imediatamente quaisquer pensamentos incomuns, comportamento agressivo ou alucinações. Pessoas com histórico de transtornos de saúde mental precisam de monitoramento cuidadoso.
9. Eventos cardiovasculares (infarto, acidente vascular cerebral)
Em casos raros, o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial pode causar estresse excessivo em seu sistema cardiovascular, especialmente se você já tiver doenças cardíacas subjacentes.
Frequência de ocorrência: Este efeito colateral é muito raro, mas potencialmente fatal; é mais provável que ocorra em indivíduos com condições cardíacas preexistentes.
Prevenção: Antes de iniciar o tratamento com metilfenidato, seu médico pode solicitar um eletrocardiograma e revisar seu histórico cardíaco. Você deve evitar tomar metilfenidato se tiver defeitos estruturais no coração ou arritmias.
